Taxa de Trump: Nova tarifa de 50% dos EUA ao Brasil gera alerta em Franca-SP

Uma bomba comercial entre Brasil e Estados Unidos acaba de ser lançada.

O presidente Donald Trump, que reassumiu forte protagonismo político nas eleições americanas, anunciou neste mês uma nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, incluindo calçados e commodities agrícolas. A medida, classificada por ele como “proteção aos empregos americanos”, acende um alerta imediato em Franca-SP, conhecida nacionalmente como a capital do calçado masculino e terra de um dos melhores cafés especiais do Brasil.

Mas afinal, o que isso significa para a economia local? E o que está em jogo?


CALÇADOS DE FRANCA: IMPACTO DIRETO

Franca exporta cerca de 20% de toda sua produção de calçados. Entre os maiores compradores internacionais estão:

  • Estados Unidos – principal destino dos calçados de couro masculinos
  • Argentina
  • França
  • Itália
  • Alemanha

Com a tarifa de 50%, os sapatos produzidos aqui ficarão muito mais caros em solo americano. Um par que hoje chega aos EUA por R$ 250, passaria a custar R$ 375 (ou mais) só em tributo.

“O mercado americano é um dos mais exigentes e valorizados. Essa tarifa nos tira competitividade na hora”, diz Carlos Henrique Borges, diretor de uma das principais fábricas de Franca.

Possíveis impactos:

  • Redução nas exportações
  • Demissões na indústria
  • Encolhimento da produção local
  • Pressão sobre o consumo interno

O CAFÉ DE FRANCA TAMBÉM SENTE

Menos visado que os calçados, o café de Franca e região, especialmente os grãos especiais da Alta Mogiana, também entra na mira.

Os EUA são o 2º maior comprador de café especial brasileiro, atrás apenas da Alemanha.
Embora o café “comum” sofra menos impacto (por já ser vendido em grandes volumes para torrefadoras), os microlotes premium da região, que ganham prêmios internacionais, podem perder espaço em cafeterias e redes gourmet americanas, como a Blue Bottle ou Stumptown.

“Com a tarifa, parte da produção que ia para fora pode ser absorvida pelo mercado interno, o que tende a aumentar a oferta e, em alguns casos, até reduzir os preços para o consumidor brasileiro.”
Igor Afonso Martins dos Santos, consultor técnico comercial da Selvatech Levedura Selvagem do Café


PRÓS E CONTRAS PARA O BRASIL E PARA FRANCA

Pontos positivos (raros)

  • Pode forçar o Brasil a diversificar mercados, olhando mais para China, Oriente Médio e Europa.
  • Incentiva consumo nacional de produtos premium.
  • O Governo brasileiro estuda subsídios temporários para manter exportações aquecidas.
  • Com a queda nas exportações, parte da produção pode ser absorvida internamente, aumentando a oferta de café e carne no mercado nacional, o que pode contribuir para queda de preços.

Pontos negativos

  • Prejuízo direto para o setor exportador, sobretudo calçadista.
  • Risco de desemprego em Franca, que tem milhares de famílias dependentes da indústria.
  • Café e calçados podem perder valor de mercado nos EUA.
  • Menos entrada de dólar no país e na cidade.

E AGORA, FRANCANA E FRANCANO?

A nova tarifa ainda está em processo de aprovação definitiva pelo Congresso americano, mas o sinal foi dado. Empresários de Franca já se articulam com a Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados) e com a Apex-Brasil para tentar manter os canais de exportação ativos.

Enquanto isso, consumidores locais e trabalhadores precisam ficar atentos. A economia global se entrelaça com o que acontece na nossa cidade. O que começa em Washington, ecoa nas ruas do Jardim Redentor ou do Santa Terezinha.

Se o Brasil não negociar, Franca paga o preço.
A hora é de estratégia, união entre indústria e governo, e foco em inovação.
Porque quando o mundo fecha portas, Franca precisa abrir janelas.

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