O que comemos não afeta apenas o corpo. Estudos recentes mostram que a alimentação também tem impacto direto no humor, no sono, na disposição e na intensidade da ansiedade. Em tempos de rotinas aceleradas, decisões alimentares rápidas e emocionalmente impulsivas se tornaram um dos fatores mais ignorados na saúde mental.

A relação entre comida e emoção sempre existiu, mas nos últimos anos ela ganhou evidência científica. Dietas ricas em açúcar, alimentos ultraprocessados, excesso de cafeína e horários alimentares irregulares estimulam a produção de cortisol o hormônio do estresse e prejudicam a ação da serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar.
Ou seja: quando a alimentação é caótica, a mente segue o mesmo caminho. Segundo nutricionistas e psicólogos, a chamada “alimentação emocional” comer para aliviar nervosismo, frustração ou tristeza se tornou um mecanismo de escape comum. O efeito é imediato, mas enganoso: aumenta a ansiedade, reduz o foco e provoca variações de humor ao longo do dia. Ao mesmo tempo, alimentos ricos em triptofano (como ovos, peixes e oleaginosas), fibras, frutas e vegetais contribuem para o equilíbrio da microbiota intestinal hoje reconhecida como um segundo cérebro.
O intestino produz mais de 90% da serotonina do corpo. Quando ele está inflamado, o humor desestabiliza. A busca é por equilíbrio, rotina e intencionalidade. Não se trata de “comer perfeito”, mas de comer com consciência, entendendo que cada refeição conversa diretamente com o estado emocional.
A discussão sobre ansiedade não pode continuar isolada em consultórios. É um tema também de educação alimentar e estilo de vida. A saúde emocional exige constância, e isso começa no básico: sono, hidratação, atividade física leve e alimentação estruturada. Cuidar da mente é, inevitavelmente, cuidar do corpo. Cuidar do corpo é, inevitavelmente, respeitar o que se coloca no prato.
A pergunta não é “o que você come”. A pergunta é como sua mente sente depois de comer. Consciência primeiro, hábito depois, resultado sempre.


